BIM e Lean 4.0

A gestão da construção em empreendimentos tem a necessidade de integrar processos, tecnologias e pessoas em prol de objetivos estratégicos. De acordo com Sacks et. al. (2010), as funcionalidades Building Information Modeling (BIM) e princípios Lean Thinking estão efetuando mudanças fundamentais na Arquitetura, Engenharia, Construção e Operação (AECO). Durante as duas últimas décadas, tornou-se uma característica inata do processo de projeto na indústria da construção, a fim de melhorar a qualidade da documentação que é produzido, bem como a construtibilidade e assertividade (Wang et al. 2013).


Além de impactos sobre a produtividade e qualidade em curto prazo, funcionalidades de BIM permitem mudanças no processo fundamental de gestão de projetos, pois fornecem os insumos necessários para orquestração de uma intensa pluralidade e quantidade elevada de informações, que é um dos princípios fundamentais da produção enxuta (Womack e Jones, 2003). Para Arayici et al. (2011), as empresas de construção estão enfrentando barreiras e desafios na adoção de BIM, visto que há poucas orientações claras ou estudos práticos para que possam aprender e reforçar suas capacidades no uso de BIM, a fim de aumentarem sua produtividade, eficiência e qualidade, em busca de vantagens competitivas no mercado global, estabelecendo e cumprindo metas em prol da sustentabilidade organizacional.

 

O potencial de BIM tem sido evidente para apoiar uma transformação dos processos de projeto e construção. Considerando que BIM é útil para melhorar a qualidade do projeto, eliminando conflitos e reduzindo o retrabalho e é mais frequentemente percebido como uma ferramenta para visualização e coordenação dos fluxos de trabalho na indústria AECOM, evitando erros e omissões, melhorando a produtividade e apoiando a gestão efetiva no planejamento em prol da segurança, prazo, custo e qualidade em projetos de construção (Chen e Luo, 2014).

Sendo assim, o foco da área de BIM e Lean 4.0 é na interoperabilidade de sistemas, analítica de dados tanto geométricos quanto não geométricos e gestão visual nD (multidimensional) para automação dos processos de engenharia ao longo do ciclo de vida de um ativo. Para tanto, destaca-se uma estrutura conceitual denominada Digital Obeya Room, visando contribuir para o gerenciamento de projetos interdisciplinares na indústria. Esse modelo concentra-se nos fluxos de trabalho digitais, na análise dos dados coletados e no gerenciamento visual do planejamento e controle da produção. 

 

A nova abordagem se destaca pelo uso de tecnologias para integração de sistemas, análise de dados por meio de indicadores combinados com visualização nD para melhoria contínua e incremental com base no ciclo PDCA. Vários sistemas de engenharia são integrados para fornecer acesso a diversas informações. Todas as informações necessárias para gerenciar o projeto devem estar contidas no modelo e podem ser visualizadas no ambiente “Sala Digital Obeya”, onde o ciclo PDCA é executado.

Uma vez que a metodologia Digital Obeya Room é apresentada, enfatiza-se a diferença que deve ser destacada entre integração e interoperabilidade. Integração, segundo Wang et al. (2009), trata-se de conectar informações entre dois ou mais sistemas sem a necessidade de adotar um formato de arquivo padronizado. No entanto, Tolk e Muguira (2003) afirmam que a interoperabilidade se baseia na adoção de um formato de arquivo e linguagem estruturados e padronizados para a troca de informações necessárias entre soluções de software que incorporam o padrão escolhido. 

 

A interoperabilidade dos sistemas é uma premissa para a implementação da Sala Digital Obeya, uma vez que o modelo busca o gerenciamento de informações. Assim, apresenta uma arquitetura tecnológica que trabalha com a interoperação dos bancos de dados necessários por meio de extratores e tradutores para o formato neutro selecionado na camada de interoperabilidade sintática, exigida pela orquestração de serviço proveniente da camada semântica para fornecer visualizações 3D multidimensionais ao longo do ciclo de vida de um ativo.

Portanto, a área de BIM e Lean 4.0 explora os sinergismos das metodologias e tecnologias associadas na transformação digital dos processos, considerando atividades de P,D&I em sistemas enxutos, interoperabilidade, analítica de dados e gestão visual. Além disso, propicia uma abordagem de gestão interdisciplinar pela informação para apoio à decisão inerente ao ciclo PDCA de um ativo da indústria, assim como, práticas Lean 4.0 para automatizar os sistemas enxutos em ambientes dinâmicos e incertos.